terça-feira, 30 de agosto de 2011

Broken Doll - Prólogo

Prólogo


[27 de Novembro de 2004]

Ruas frias,a chuva continuava sem parar enquanto a garota caminhava sem guarda-chuva. As pessoas começavam a sair da capela, um amontoado de guarda-chuvas pretos se abria, rostos sérios e alguns tinham olhos vermelhos, mas o preto reinava no ambiente, todos acompanhavam a saída dos caixões não abrindo mão de antes me lançar um olhar de pura pena, mas eram tão frios como o do mármore polido das escadas molhadas quando ela se afastara logo que vira a procissão ao longe. Provavelmente estavam pensando em como uma menina com ela, onze anos, sem tios ou avós, sobreviveria sozinha.Tudo se resumia a uma palavra:

Assassinato.

Não, ela ainda não tinha parado para pensar em como iria ser sua vida daqui pra frente sem o abraço apertado do seu pai toda vez que ele chegava do trabalho, ou o afago de sua mãe nos seus cabelos negros e lisos toda vez que ia dormir.Ninguém precisa lhe dizer isso com frases idiotas de que tudo vai ficar bem, porque nada será como era antes.

Andava sem rumo pela cidade,tentando controlar a tristeza e a raiva.Seus pais não haviam morrido por motivos comuns,havia algo por trás de tudo.No fundo,ela queria descobrir por que,queria uma vingança ao mesmo preço.O que havia acontecido não era normal,havia algo estranho nas mortes mas ela não sabia dizer o que e sentiu isso desde o momento que encontrou os corpos no escritório.

Não queria ficar naquela capela junto com montes e montes de sorrisos falsos,palavras de consolo.Ver os corpos frios de seus pais sendo rodeados por palavras falsas.Deveria decidir muita coisa dali em diante mas a primeira deveria ser se voltaria a casa ou não.

Precisava de um lugar com menos sorrisos,menos falsidade,menos…luto. Caminhava e caminhava tentando ignorar a sensação de estar sendo seguida o tempo todo.Entrou em um daqueles bares misturados com mercearia.A chuva continuava forte,relâmpagos iluminavam a rua e a garota encharcada.Ali ninguém saberia o que havia acontecidoTinha um pouco de dinheiro no bolso do casaco e pediu uma bebida.O atendente estranhou uma criança de onze anos e completamente encharcada ali mas trouxe logo o pedido quando viu o dinheiro.

Às vezes ria com algumas jovens que olhavam coradas para ela provavelmente achando que era um garoto bonitinho. Não as culpavas por isso pelo jeito que estava parecia realmente com um. Calcas pretas, camisa social,sobretudo e botas todos pretos, fora o seu cabelo repicado na altura do pescoço com franja.Apesar de sua família ter dinheiro,ela não gostava de vestidos ou saias,nem joias ou maquiagem já que achava tudo muito complexo e desconfortável mãe bem que tentou faze-la gostar deles quando era pequena, mas acabou desistindo ao ver suas reações toda vez que ela usava um.. Isso fazia os amigos dos seus pais acharem que tinham um garoto ao invés de uma garota, quando lhe viam a primeira vez, mas eles nunca se importaram com seu modo de vestir.Nem com as cores de sua preferencia.

Ergueu um pouco a cabeça e avistou a Tower Bridge ao longe em meio a tempestade.O rio Tamisa estava um pouco agitado devido ao vento e a chuva mas ela não se importou.Terminou sua bebida e,deixando o dinheiro no balcão andou até a beira da barreira que a separava do Tamisa.O bar era bem localizado para falar a verdade.

A margem do rio juntamente iluminada com os prédios da cidade davam uma vista linda dali de cima em contraste com a água e o céu escuro. Sempre que anoitecia gostava de ir a um lugar alto para ver as luzem da cidade à noite principalmente da Tower Bridge, que em sua opinião era um efeito fantástico, só não era mais fantástico porque naquela noite se encontrava sozinha sem um motivo grandioso para continuar a viver. Antes eu tinha sim um motivo grandioso,este era ver seus pais orgulhosos com seu sucesso.

Agora não havia ninguém que fosse apoia-la.

A chuva passou aos poucos e ela continuava observando a escuridão.Nunca havia imaginado a vida sem seus pais,nunca havia imaginado sua vida sem um sonho a cumprir. Não tinha mais família,seu nome havia se tornado só mais um em um mar de rostos e sangue.Sangue,morte e destruição. Seu conto de fadas havia chegado ao fim com um desfecho que ela nunca teria imaginado.Agora era tudo por conta própria.

Suspirou e apoiou seu queixo com as mãos, olhando para a rua pouco movimenta do lado oposto ao que tinha vindo, foi quando avistou um jovem que não devia ter no máximo vinte e cinco anos andar despreocupadamente pela rua, como se tivesse um encontro importante mais não estivesse com pressa.Ele usava um terno negro e que parecia ser novo em folha que se ajustava perfeitamente ao seu corpo forte, cabelo negro escuro, liso e levemente repicados lhe caiam aos olhos de mesma cor, lábios finos e simétricos ao nariz e a pele alva, mas não tanto.Ele se distanciou rapidamente e logo atrás dele veio outro rapaz que parecia um pouco mais jovem,ela lhe daria no máximo dezenove anos.Ele,pelo que ela pode ver,era meio loiro e parecia apressado e nervoso.Sua pele era alva,seus lábios róseos e simétricos,algumas mechas de seu cabelo loiro lhe caiam aos olhos.,Ele andava um pouco distante do moreno.Poderiam estar apressados mas mesmo assim não deixavam de ser elegantes.

Não soube dizer o a levou a segui-los até a direção oposta da ponte. Não pensou duas vezes e correu atrás deles tomando as medias necessárias para não ser percebida. Eles continuaram andando sem alterar seus elegantes passos em direção as residências só que com o passar dos minutos eles foram caminhando cada vez mais para a parte deserta da cidade onde ficava os becos sem nem sequer olhar para os lados ou para trás.

Se perguntava por que estava fazendo aquilo mas não conseguia parar.Ela sabia que ia acabar se perdendo mas era conduzida por um poder invisível que a levava atrás dos rapazes. Passaram por mais algumas ruas que ficavam cada vez mais desertas, o loiro começou a andar mais rápido e virou à esquerda. Andou sorrateiramente e antes de entrar na rua deu uma olhada e vi aonde exatamente eles queriam chegar.

Estavam na parte mais afastada do porto, onde se via apenas uma calçada larga e comprida com algumas árvores pequenas e postes de luz, que ficavam de frente para a imensidão do mar sem barco nenhum atracado.O loiro havia desaparecido mas ela viu o moreno parado na parte mais escura,recostado na parede com as mãos no bolso e disse em uma voz sedutora e sedosa:

-Você pode se juntar a mim agora,garotinha.Aquele idiota não está mais aqui para nos atrapalhar.Além do mais,não gosto de ficar esperando.

Engoliu seco e andou a passos lentos até parar ao seu lado e fitar seu rosto discretamente e constatar que ele era muito mais bonito visto de perto.Quase uma obra de arte viva. Sentiu seu rosto ficar quente e olhou rapidamente para baixo,se dando conta de que ele sabia que era uma garota.Alguém que não havia confundido-a.

-Vo- você sabia que eu estava seguindo você?Por isso veio para cá.

Ele a olhou pela primeira vez,revelando olhos azuis intensos que a analisavam como se revelassem sua alma e pareciam levemente impacientes.Ela achou que ele lhe daria uma bronca mas ele apenas desviou o olhar para o Tamisa e voltou a falar com aquela voz que fazia jus a sua beleza.

-Sim,eu sabia.Na verdade você nos seguir foi um bônus bem-vindo já que meu único objetivo era no mínimo dar um chá de sumiço naquele loiro idiota.Voce nos seguir até o lado mais afastado da cidade é só uma brincadeira do acaso.

Ela desviou o olhar e viu as pequenas ondas que continuavam devido a chuva anterior,pensando no fato de que o velho ditado “a curiosidade matou o gato”parecia adquirir um significado bem real agora.Poderia ele ser um assassino que a havia arrastado até ali só para mata-la?Talvez mas ela respirou fundo e controlou o medo que estava prestes a invadi-la.Sentia como se fosse uma criancinha de quatro anos perto daquele estranho.

-Acho que uma garotinha como você não deveria andar por ai sozinha a essas horas.Mas voce apareceu na hora certa.

Aquilo a deixou um tanto nostálgica já que era a mesma coisa que seu pai dizia quando ela ficava brincando do lado de fora até tarde,quase ao anoitecer.

-Hora certa?O que você quer de mim?

Ela fez o possível para dar um sorriso irônico e não podia ter certeza se estava convincente o suficiente que não passou desapercebido pelos olhos azuis profundo que lhe fitavam de canto até ele se abaixar para segurar-lhee olha-la com certa seriedade.

-Me diga,algo aconteceu. Você tem um desejo,uma grande e nova ambição,não é?
Arregalou um pouco os olhos encarando-o incrédula achando que seus ouvidos haviam lhe enganado. Que tipo de homem vestido formalmente arrastaria uma garota como ela para a parte mais afastada da cidade à uma hora dessas para perguntar se ela um grande desejo? Será que ele queria lhe convidar para algum tipo de seita ou organização? Mas repentinamente o desejo lhe veio a mente,o primeiro e único.

-Bem,eu tenho um mas…minha vida é muito monótona,eu sempre desejei algo interessante e agora…

Ele sorriu,um sorriso malicioso e perigoso e se aproximou mais um pouco. Não entendia por que estava contando aquelas coisas a ele.

-Eu posso lhe dar o que quiser,pequena.Posso realizar seu desejo mas tenho que ser sincero,eu não sou uma fada madrinha dos contos de fadas.Um pacto comigo e todas as suas chances de atravessar os portões do Paraíso se tornarão inexistentes.

Ela não acreditava mas também não entendia o motivo dele fazer-lhe aquela proposta do nada.Mas parecia tentadora,agora que havia perdido tudo o que lhe pertencia…algo quase irrecusável…

-Você aceita fazer um pacto comigo?

Ela estava prestes a responder.E algo realmente tentador e qualquer um acharia que um garotinha de onze anos não deveria ter aquele tipo de pensamento,aquele sentimento de vingança que começava a surgir em sua mente.Não teria seus pais de volta nem nada disso mas valeria a pena eles não terem morrido por nada,a morte ser deixada impune.

-Eu ace-

O som de um tiro veio do nada.

O estranho rosnou e segurou o braço ferido.A garota olhou para o lado e viu o homem loiro segurando uma arma.

-Saia de perto dela.Agora.

A garota ouviu a risada do moreno enquanto ele se virava para encarar o outro.

-Você de novo,achei que tinha ido embora.

-Saia de perto dela agora, demônio.Vou te fazer voltar para o inferno.

O moreno agarrou a garota,segurando sua cabeça.Seus olhos haviam mudado de cor.Um movimente e poderia quebrar o pescoço dela ou arrancar seu coração se quisesse.Mas o sorriso permanecia em seu rosto.A garotinha observava tudo,assustada.

-Temos uma criança presente,Harry. Você não faria is-

Mais um tiro.Dessa vez atravessou a testa do moreno. Manteve então os braços firmes, disparando tiros um após o outro, atingindo a criatura, que se afastava imediatamente da garota, deixando um grito doloroso eclodir pela rua,como se estivessem lhe arrancando as vísceras.

Uma sombra negra surgiu,saindo daquele corpo,emitindo sons e guinchos horríveis.O loiro correu e puxou a garota pela mão enquanto corriam para fora daquele lugar.

-Venha logo.Ele não vai voltar por enquanto mas a polícia sim.Vou lhe explicar tudo.

TUMBLR OFICIAL DE BROKEN DOLL




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